Tormenta

Suas pernas já não eram o bastante para sustentar seu próprio corpo e o de quem ela carregava, uma segunda garota incapaz de se movimentar estava agarrada em suas costas, ela se levantou, novamente após uma de suas quedas. Não havia mais ninguém ali além delas, estava silencioso, calmo, ou pelo menos era isso que aparentava. Ela sabia que ele estava ali, sabia o que ele poderia fazer, na realidade as duas sabiam porém uma delas se recusava a acreditar. Um estalo, uma silhueta masculina, asas. Asas... Asas! Um anjo, não, um anjo não, suas asas tem uma coloração cinzenta, talvez até mais próximo do preto. Ela está com medo, medo do desconhecido, afinal, quem nunca teve? Sua visão é ofuscada, a da garota em suas costas também, ambas apagam no chão.

Seus olhos se abrem e novamente encaram o desconhecido, ela está só. O lugar é completamente branco, ela olha para os lados confusa, olha para o próprio corpo, ele está intacto, diferente de quando perdeu os sentidos. Ela se pergunta aonde estão suas roupas. Não está completamente nua, porém a unica coisa que cobre seu corpo são suas peças intimas. Ela está presa, está desesperada. Tenta se levantar, suas pernas cedem, estão maiores igualmente como seus cabelos que caem sobre seus ombros. Aonde ela está? Quanto tempo passou ali?

Há uma porta que de alguma forma ele não percebeu ali antes, não há maçanetas, ela se apoia em uma parede, se levanta e treina alguns passos, sabe que não aguentará muito tempo de pé. Um, dois, três passos, empurra a porta, outra sala. No centro do local está ela, sua amiga, deitada no chão semi-nua como a mesma estava a poucos minutos atrás. Sua amiga está desacordada, ela corre até o corpo imóvel, cai na metade do caminho, a partir dai se arrasta até a morena, quando chega puxa o corpo desacordado para seu colo. Ela está inteira porém um pouco mais magra, pelo menos está inteira. Acaricia seus cabelos, seu rosto, chama por seu nome em um tom desesperado, ela abre lentamente os olhos e fica tão confusa quanto a mesma ao acordar. Elas estão juntas, novamente, porém não sabem o que está acontecendo. Se abraçam e dessa vez é ela que apoia seu corpo sobre sua amiga. Quantas horas se passaram? Uma, duas, dias, semanas, anos... Desespero, há outra porta, porém essa ambas tem certeza que não estava ali a segundos atrás. Cambaleiam um pouco mas conseguem chegar inteiras até a porta, ambas empurram a porta, seus olhos são inundados por uma claridade incomoda.

Elas caem novamente porém dessa vez ambas estão conscientes, quando seus olhos se acostumam com a claridade analisam o local. Definitivamente não estão no céu, definitivamente o lugar que estavam era o único recinto realmente iluminado que encontrariam. A presença de ambas não foi notada, talvez estivessem ficado ali por tanto tempo que já não eram mais uma novidade. Braços as sustentam, elas com ajuda conseguem se levantar, lá está ele, não só ele como também mais dois garotos mal encarados, elas se entreolham como se perguntassem se conheciam as figuras masculinas que as sustentava. Não. De alguma forma elas se entendiam, sabiam o que outra queria dizer, algum tipo de ligação talvez. Estão fracas para lutar, e agora apenas podem esperar o que tem por vir, o problema é que esperam apenas o ruim.